Reverendo Paulo agora é cidadão araranguaense: IEAB é homenageada na Câmara
Na sessão do dia 5 de outubro último, o vereador Jair Anastácio (PT) aprovou o projeto de decreto legislativo e a moção de reconhecimento n° 007/2022 e 020/2022, respectivamente, que visa conceder o título de cidadania honorária ao reverendo Paulo Roberto da Costa Duarte, além de homenagear a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Paróquia Cristo Redentor – Araranguá, pelas suas sete décadas prestando serviços à comunidade araranguaense.
O reverendo, desde cedo, teve sua vocação voltada ao sacerdócio. Estudou no Seminário Teológico Dom Egmont Machado Krischke (SETEK), da Diocese Meridional, da IEAB. Após 4 anos foi ordenado ao Diaconato. A partir daí percorreu seu caminho exercendo um grande trabalho social, evangelizando e expandindo a comunidade de fé, ajudando aqueles que mais necessitavam do Senhor em suas vidas, até que, em 2008, seu caminho se cruzou com a Cidade das Avenidas, se assentando neste município e se tornando posteriormente pároco da Paróquia Cristo Redentor, onde manteve residência até 2020.
Na Paróquia Cristo Redentor, diversos araranguaenses foram e ainda são batizados, crismados, recebidos, casados no seio do anglicanismo. A Paróquia sempre buscou proclamar as boas novas do reinado de Deus; ensinar, batizar e nutrir os novos crentes; responder às necessidades humanas com amor; procurar a transformação das estruturas injustas da sociedade, desafiar toda espécie de violência, buscar a paz e a reconciliação; e lutar para salvaguardar a integridade da Criação, sustentar e renovar a vida da Terra.
O reverendo Paulo trabalhou incansavelmente pelo município de Araranguá, principalmente em prol dos direitos humanos e sociais, fazendo do evangelho de Cristo o único instrumental para isso. Dentre tantas ações, o reverendo tem sido um exemplo de ser humano para os locais. Um cristão que vive o que prega, que tem sido luz para os menores dos filhos de Deus, que tem sido sal nessa sociedade. É um sinônimo de empatia.
Em 2021, Paulo retorna a Araranguá como Pároco interino da Paróquia Cristo Redentor, e traz consigo o estandarte de que “Irá chegar um novo dia; um novo céu, uma nova terra; um novo mar; E nesse dia, os oprimidos A uma só voz, a liberdade, irão cantar”, engajando mais e mais as ações da paróquia em prol da denúncia incansável das injustiças sociais e provocando a comunidade a experimentar o evangelho de Cristo, Ruah encarnada, na prática.
Foi com essas alegações, e por muito mais, que Jair Anastácio (PT) aprovou o projeto e a moção acima mencionados, parabenizando o reverendo e à Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Paróquia Cristo Redentor – Araranguá, pela excelência, dedicação e pelo compromisso com o povo araranguaense. O vereador Jair Anastácio acentuou que “o reverendo Paulo representa o município de Araranguá, sobretudo aqueles que acompanham o seu trabalho, o qual às vezes passa despercebido… Deste modo, é de extrema honra homenagear este homem, reconhecendo-o como um cidadão araranguaense. Que com sua história de vida inspire e sirva de exemplo para todos, assim como para muitos líderes de igreja”.
Abaixo, confira o discurso do reverendo Paulo:
“Muitas vezes estive nesta Casa do Povo para Celebrar o lançamento das Campanhas da Fraternidade Ecumênicas; antes de sair em 2020, para exercer o meu ministério em Porto Alegre, RS, visitei esta casa para falar da temática da Pastoral da Diversidade-Anglicanxs.
Estar aqui vivendo este momento de muita emoção e gratidão leva-me a retroceder no tempo (onde passa um filme de muitos sacrifícios, alegrias e realizações). De onde viemos? Onde estamos? Para onde planejamos ir?
Vim de uma família em que meu pai era um homem do campo e, depois, funcionário público. Minha mãe (do lar e, depois, 20 anos cozinheira de um hospital), com princípios e valores muito claros: o saber acolher, o saber partilhar, o saber servir e o saber cuidar.
Palavras-chave na minha vocação e caminhada eclesial.
Tive a alegria de compartilhar minha vida como filho de Gomercindo e Ema, irmão de Eclair Terezinha, Carmen Regina e João Alberto. Mais dois cunhados amigos, Naudal e Valdir, cinco sobrinhas e dois sobrinhos, sete sobrinhxs/netxs.
Na caminhada, encontrei minha companheira e amor da minha vida, Sandra, e recebemos como presente de Deus a nossa maior alegria e tesouro, a nossa filha Laís Costa Duarte.
Junto com a Sandra, vieram pessoas maravilhosas. Tive e tenho primos e primas, reverendos e bispos, irmãos e irmãs na fé que marcaram minha vida com esses valores. E ao ser acolhido na fé, na minha eterna e amada comunidade da Paróquia da Matriz do Nazareno, em S. Do Livramento (na Fronteira da Paz), fortaleci os valores aprendidos em casa, da acolhida, da partilha e do serviço. Todos esses afetos e companheirismo fez-me ser o que sou hoje.
Ao conviver com as comunidades e as pessoas daqui, fui reconhecendo que aqui era diferente. Mas não me dei por vencido. Resolvi sair para outros desafios. Quando me perguntam porque sai de Araranguá depois de 11 anos, costumo dizer que estava bom demais, e temos que buscar novos desafios. HOJE AFIRMO QUE SAÍ DE ARARANGUÁ, MAS ARARANGUÁ NÃO SAIU DE MIM, não somente pelas suas belezas naturais que lhe faz formosa, mas pelo seu povo que sabe acolher, partilhar, servir e cuidar, de quem aqui chega. Aqui ficou Lais por opção, Sandra não conseguiu me acompanhar por motivos profissionais, e a igreja precisou do meu ministério novamente aqui. E aqui estamos de pároco interino, ajudando o bispo Humberto a pastorear nossa amada PARÓQUIA DO CRISTO REDENTOR, junto com a reverenda Keila e o reverendo MARINO, nossa inspirada e comprometida Junta Paroquial e uma equipe de ministrxs leigxs que somente me trazem alegria e satisfação.
Uma certeza tenho: não cheguei até aqui sozinho, mas com muitas pessoas que foram fundamentais nesta caminhada comunitária em meu ministério. Quero lembrar os meus colegas que me antecederam nesta paróquia em nome do reverendo Cleny Vergara. Costumo afirmar que ele foi um marco, a igreja antes e depois dele.
Nas famílias do Sr. Evalte Becker e Dona Hélio Canela Becker, in memorian, e na família de Darci e Maria Ramos, agradeço a todas as famílias que fizeram e fazem parte desta história.
Quando recebi a notícia que não seria somente uma homenagem à Paróquia, mas ao meu ministério aqui, disse aos irmãos da Junta e ao vereador Jair, autor desta proposta de título de cidadania honorária, que receberia como parte de uma Equipe Pastoral que busca viver seus dons e talentos a serviço do Reino de Deus, através da acolhida e partilha. E na visão e palavras do evangelista São João 3:30, que Ele cresça e eu diminua.
Seguirei trabalhando com afinco com meus Irmãos e irmãs que Deus me presenteou, aos quais sou extremamente grato. Aqui também fui desafiado a lapidar a pedra bruta e as arestas, para tornar-me um homem melhor para as outras pessoas, buscar ser justo o máximo possível, e buscar a perfeição no amor de Cristo. Muito aprendi e fizemos parceria com os grupos de cuidado da vida: NA, AA, e o Amor Exigente, que se fazem representar nesta noite, e que participei das primeiras experiências.
Convido a todas as pessoas presentes a seguir os passos de Jesus juntamente com o testemunho de S. Francisco de Assis – anunciar as boas Notícias do Reino, Educar as crianças e as pessoas para o bem comum, servir aos necessitados, transformar as estruturas sociais injustas e lutar pela integridade da criação no cuidado com a flora e fauna, como fizemos um exercício da espiritualidade na ação ao abençoar os animais neste sábado, passado a exemplo do nosso irmão Chiquinho.
Gratidão, gratidão, gratidão ao me tornarem um de vocês, Cidadão Araranguense. Prometo pensar seriamente em um breve retorno.
