Juventude anglicana debate justiça ambiental

Jovens da Área Provincial 3 da nossa IEAB participaram, dos dias 28 a 30 de janeiro, de mais um Encontro da Juventude. Com o tema Justiça Ambiental, a atividade reuniu participantes das Dioceses Anglicanas de Brasília (sede no DF), de Recife (com sede em Recife mesmo), da Amazônia (Belém), e do Distrito Missionário (Centro-Oeste).
A organização do Encontro, sediado na Catedral Anglicana de Santa Maria, em Belém, ficou por conta da UJAB da Área 3, e contou com apoio do Centro de Estudos Anglicanos (CEA) e da Diocese Anglicana da Amazônia – estes últimos também responsáveis pela captação dos recursos que permitiu deslocamento, alimentação e hospedagem dos jovens.

Motivação para o tema

A temática “meio ambiente” tem sido trabalhada com muito empenho por paróquias e dioceses anglicanas Brasil afora. Aliás, essa não é uma exclusividade da IEAB. Em todo o mundo, a Comunhão Anglicana vem incentivando um olhar mais responsável, coerente e ético em relação aos ecossistemas, fauna, flora e tudo o que esteja relacionado à preservação da nossa casa comum, o planeta Terra.
Tal enfoque está em consonância com o que defendeu, em 2021, o arcebispo da Cantuária, Justin Welby. Em carta assinada com outros líderes cristãos, ele argumentou que “a perda da biodiversidade, a degradação ambiental e as mudanças climáticas são as consequências ​​de nossas ações, já que avidamente consumimos mais recursos da terra do que o planeta pode suportar. As pessoas que sofrem as consequências mais catastróficas desses abusos são as mais pobres do planeta e têm sido as menos responsáveis ​​por causá-los”.

Inquietação necessária

A jovem Diana Linhares, que integra o GT Nacional da Juventude e também é a atual secretária de Juventude em sua Diocese (Recife), disse que “participar de um encontro com a juventude para refletir sobre ‘Justiça Ambiental’ foi extremamente importante”.
“Diante de todo o retrocesso que vivemos no mundo e, especificamente, em nosso país, conhecer mais sobre o tema nos fez sentir a inquietação que é necessária e urgente. Precisamos lutar para salvaguardar o nosso lar, a criação. Além disso, o fato de o encontro ter sido realizado em Belém do Pará foi muito significativo, por ser uma cidade que possui uma cultura e lugares que nos deixam em conexão com a natureza. Acredito que saímos dali com o desafio e a sede de proteger nossa Casa Comum. Fico muito orgulhosa, como anglicana, de ver nossa Igreja investindo em nós, jovens, nos capacitando e abordando um tema que deve ser uma preocupação de todos”, afirmou Diana.

Grandes desafios

Daniel dos Santos Lima, morador de Labrea, no Amazonas, acredita que “ falar de justiça ou responsabilidade ambiental no âmbito de nossa igreja é uma busca por encontrar Deus presente na criação”. Para ele, enquanto episcopal anglicano, o encontro foi importante por ter proporcionado “mais conhecimento sobre a realidade ambiental e sobre a atual conjuntura no que se refere ao usufruto dos recursos naturais que temos no planeta e, em especial, em nosso país”.
“Despertou em mim certa inquietação frente aos grandes desafios que temos enquanto Igreja e a nossa responsabilidade ambiental no cuidado com o nosso ‘lar comum’. A salvaguarda da criação é parte das promessas que fazemos no batismo, e isso está intrinsecamente ligado à quinta marca da missão na Comunhão Anglicana. Como Igreja de Deus no mundo, somos chamados e chamadas a assumir este compromisso de justiça ambiental. Quando assumimos essa missão, somos mais conscientes de que somos cada vez mais a Igreja de Deus para o mundo de Deus”, refletiu.

Falar sobre meio ambiente também é ser igreja

Para a bispa Marinez Bassotto, membro do GT de Justiça Ambiental da IEAB e que fez parte da organização do encontro, falar em Justiça Ambiental é refletir sobre nosso jeito de “ser igreja”.
“Tive a alegria de estar envolvida na organização do encontro para a juventude, e de hospedá-lo na nossa Catedral de Santa Maria, em Belém do Pará. Meio ambiente e igreja são tópicos que precisam ser reconciliados. Em nossas Marcas da Missão na Comunhão Anglicana, temos a Justiça Ambiental como parte fundamental de nosso discipulado, da vivência de nossa fé em Jesus Cristo. Quando refletimos e discutimos sobre essa temática, tomamos consciência de que para salvaguardar a Criação de Deus e nossa Casa Comum, precisamos construir relações de preservação e respeito para com a natureza; precisamos caminhar em conjunto e amplificar as vozes das populações originárias que lutam contra as violações de seus direitos e de seus territórios. Ao falarmos de Justiça Ambiental, estamos necessariamente falando de Justiça Socioambiental. Atividades como essa – que tivemos em Belém – nos ajudam a compreender isso”, declarou.

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