Combatendo as mudanças climáticas. Por Jack Palmer-White

Este ano é crítico para o mundo agir sobre as mudanças climáticas e proteger a integridade da criação. A próxima rodada de negociações climáticas da ONU, conhecida como COP26, ocorrerá em novembro. Já existe um grande interesse e preparação para ela, tanto dentro da Comunhão Anglicana como em todo o mundo.
Não é exagero dizer que a integridade da criação está ameaçada e em risco de colapso. Os sistemas de vida da Terra estão sob forte pressão devido às crises triplas de mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) publicou recentemente seu primeiro relatório de síntese Fazer as Pazes com a Natureza: Um Plano Científico para Enfrentar as Emergências do Clima, da Biodiversidade e da Poluição que começa com estas palavras duras do Secretário-Geral da ONU, António Guterres:
A humanidade está travando uma guerra contra a natureza. Isso é sem sentido e suicida. As consequências de nossa imprudência já são aparentes no sofrimento humano, nas enormes perdas econômicas e na acelerada erosão da vida na Terra.
A COP climática em Glasgow será o culminar de um ano repleto de momentos globais importantes que podem ajudar a colocar nosso mundo em um caminho melhor e mais sustentável. Esses momentos incluem o lançamento da Década da ONU na Restauração de Ecossistemas, em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Um kit de ferramentas para a participação de líderes religiosos na Década foi produzido pelo PNUMA e tem algumas ótimas ideias para ajudar a se envolver.
Em julho, países fizeram uma revisão de seu progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados ao meio ambiente. 
Em outubro, os Estados da ONU irão se reunir para chegar a um acordo sobre uma estrutura que terá como objetivo reverter os profundos impactos da perda de biodiversidade no mundo. O escritório da Comunhão Anglicana na ONU está procurando oportunidades para divulgar como anglicanas/os já estão apoiando esses esforços por meio de projetos de conservação e reflorestamento.
Em novembro, quando líderes mundiais se reunirem em Glasgow, haverá grande atenção do público e da mídia. Esta COP em particular é significativa porque é a quinta reunião desde o histórico acordo climático de Paris de 2015. Como tal, é o primeiro marco programado para todas as nações aumentarem sua ambição de reduzir emissões de gases de efeito estufa de forma significativa. Estes são chamados de Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDCs.
É essencial entender que são as ações tomadas pelos governos e outros antes do evento (os compromissos que assumem para aumentar suas NDCs) que irão determinar o sucesso da COP26. Embora alguns países já tenham assumido compromissos mais ambiciosos, a maioria não está exibindo o ímpeto necessário para alcançar a verdadeira justiça climática. A defesa mais significativa e urgente que podemos realizar na Comunhão antes da COP é com os nossos próprios governos nacionais, convocando-os a assumir compromissos mais substanciais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
As NDCs (e os Planos Nacionais de Adaptação, associados) também são uma oportunidade significativa para os Estados demonstrarem que estão comprometidos com a redução de suas emissões de um modo que preserve a justiça de gênero. O acordo climático de Paris exige que os Estados “respeitem, promovam e considerem” a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres ao tomarem medidas para lidar com as mudanças climáticas. Além de pedir aos governos que assumam compromissos ambiciosos na redução de emissões, também podemos incentivá-los a estabelecer detalhes de como eles farão isso de uma maneira “sensível ao gênero”.
Finalmente, a política climática deve ser desenvolvida por meio da participação igual de mulheres e homens. A estrutura de trabalho Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (o secretariado que apoia todo esse trabalho) reconhece que “as mulheres podem (e exercem) um papel crítico em resposta às mudanças climáticas devido ao seu conhecimento local e liderança”. “Se as políticas ou projetos forem implementados sem a participação significativa das mulheres, isso pode aumentar as desigualdades existentes e diminuir sua eficácia.”
Peça a seus/suas representantes locais, regionais e nacionais para defenderem a representação plena e igualitária das mulheres em lideranças e na tomada de decisões em políticas ambientais e climáticas. Descubra quem estará negociando em nome de seu país na COP26 – a delegação é equilibrada em termos de gênero? Caso contrário, incentive seus/suas líderes políticos a defenderem uma equipe de negociação com equilíbrio de gênero.
*Jack Palmer-White é representante permanente da Comunhão Anglicana nas Nações Unidas