Serviço Anglicano de Diaconia e Desenvolvimento – Entrevista com a reverenda Dilce de Oliveira

Desde março de 2020, quando a pandemia começou a chegar ao Brasil, colocando em risco a saúde e a vida das pessoas, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), por meio do Serviço Anglicano de Diaconia e Desenvolvimento (SADD), começou a buscar meios de responder a essa crise – até então sem precedentes – de modo que os muitos projetos sociais da Igreja não fossem prejudicados. Projetos envolvem pessoas, e elas não podiam ficar desassistidas!
“As lives e as celebrações virtuais se apresentaram como uma alternativa para o atendimento pastoral e espiritual, mas precisávamos enfrentar uma situação bem mais complexa: levar às pessoas em situação de vulnerabilidade social recursos que pudessem aliviar, mesmo que minimamente, a situação de fome. Neste sentido o SADD foi autorizado pelos parceiros internacionais a direcionar todos recursos recebidos através de projetos para aquisição de alimentos a serem distribuídos para as pessoas mais atingidas pela crise econômica, impulsionada pela impossibilidade de atividades de geração de renda”, explica a reverenda Dilce Paiva de Oliveira, coordenadora do SADD desde 2018.
Até o momento, IEAB/SADD distribuíram cerca de 110 toneladas de alimentos e mais de 10.000 refeições (prontas). Ao todo, 27.000 pessoas foram atendidas desde o início da pandemia. Esses números crescem a cada dia, afinal, a pandemia ainda não passou e a situação financeira do povo brasileiro, infelizmente, se deteriora a cada dia.
Para conhecer um pouco mais de perto o trabalho do SADD, entrevistamos a reverenda Dilce. Ela compartilhou conosco os desafios da organização e também como ela tem percebido a atuação de cada diocese e paróquia da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
IEAB – Reverenda Dilce, quais têm sido os maiores desafios no SADD nesses tempos de pandemia?
Reverenda Dilce: Desde a sua criação, o SADD tem trabalhado com o apoio às Dioceses em projetos sociais. Com a pandemia, nosso maior desafio tem sido auxiliar na garantia da segurança alimentar. Fazemos isso por meio de projetos para aquisição de cestas básicas, distribuição de alimentos e material de higiene e limpeza.
IEAB – Hoje, quais são os maiores apoiadores financiadores do SADD no Brasil e no mundo?
Reverenda Dilce: Nosso maior apoiador e permanente é o Episcopal Relief e Development (ERD), ligado à Igreja Episcopal dos Estados Unidos. Neste tempo de pandemia, tivemos  também apoio da Junta Nacional de Educação Teológica (JUNET), da própria IEAB, além do United Society Partners in the Gospel (USPG) e da Igreja da Escócia. Eventualmente, por meio de projetos, recebemos apoio do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e do Fundo do Arcebispo de Cantuária.
IEAB – Se uma pessoa física quiser doar alguma quantia para vocês, é possível?
Reverenda Dilce: Não temos um plano nacional para doações de pessoas físicas ao SADD. Estas doações geralmente são feitas diretamente aos projetos sociais diocesanos.
IEAB – Nos últimos meses, temos visto que diversas comunidades anglicanas estão empenhadas em desenvolver ações de cunho social. E o que foi interessante perceber é que, nessas comunidades, há uma sinergia muito grande entre os membros. Você percebe que igrejas engajadas em ações de diaconia são, de algum modo, mais fortes? 
Reverenda Dilce: Percebemos que a pandemia serviu como um motivador para ações sociais. O SADD tem estimulado as Dioceses a desenvolver projetos sociais. Com o aumento de recursos captados durante este período, algumas Dioceses e Paróquias foram despertadas para estas ações. Vejo que qualquer trabalho social movimenta e provoca a união das pessoas nas comunidades.
IEAB – Gostaria de acrescentar algo?
Reverenda Dilce: Tenho percebido na coordenação do SADD que cada Paróquia e Diocese têm perfis diferentes nas atuações nos projetos sociais, mas que cada um age com muito amor, doação e dedicação de acordo com suas possibilidades. 
Fotos: Divulgação